No dia 20 de outubro, celebrou-se mais uma vez o Dia Nacional das Linhas de Torres, uma data que homenageia a coragem, a resistência e a estratégia que marcaram um dos períodos mais decisivos da história nacional.

Este ano, a cerimónia oficial decorreu em Arruda dos Vinhos, um dos municípios fundadores da Rota Histórica das Linhas de Torres (RHLT) – Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Invasões Francesas, na qual estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, Luís Soares, e o vereador, Joaquim Ribeiro.

A sessão de abertura coube ao Presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, Carlos Alves, e à vice-presidente da RHLT, Ana Umbelino, que destacou o trabalho desenvolvido nos últimos anos, com particular enfoque no investimento em recursos tecnológicos que enriquecem a experiência dos visitantes através de conteúdos de qualidade. Sublinhou ainda o estímulo à investigação e aos projetos transdisciplinares, como o que deu origem aos Itinerários Napoleónicos em Portugal, que unem educação e entretenimento com recurso a ferramentas de realidade aumentada e virtual aplicadas aos centros de interpretação do território.

Ana Umbelino reafirmou, ainda, o compromisso da RHLT em consolidar um produto turístico sustentável e cooperativo, alicerçado em parcerias que preservam a memória e a história e na comunicação digital, bem como na participação ativa no itinerário europeu Destination Napoleon. Terminou a sua intervenção desejando que este dia sirva para celebrar “a esperança, a criatividade, a solidariedade e o espírito empreendedor que têm moldado este projeto coletivo de sucesso”.

Prémios Wellington Honour: reconhecer a excelência

Seguiu-se a entrega dos Prémios Wellington Honour pelos membros da direção e pela presidente da Assembleia Geral da RHLT, distinções que valorizam a excelência e a inovação em diferentes áreas ligadas à valorização do património, à promoção dos valores das Linhas de Torres Vedras e à cooperação entre entidades comprometidas com o legado histórico e cultural deste território.

Os galardoados de 2025 foram:

• Acessibilidade e Inclusão: Serviço de Apoio à Deficiência Visual da Lourinhã, pelo notável trabalho desenvolvido no apoio a cidadãos amblíopes e cegos, em cooperação com o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, promovendo a inclusão e o acesso à cultura.
  O prémio foi entregue por Manuela Ralha.
• Ambiente e Sustentabilidade: Quinta de S. Sebastião, com o projeto Q.S.S. Rare, que conjuga inovação, práticas vitivinícolas sustentáveis e valorização ambiental, contribuindo para a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade.
  A distinção foi entregue por Carlos Alves.
• Cultura e Criatividade: ModelStep – Modelismo Histórico, pelo contributo na divulgação do legado das Invasões Francesas, através de maquetes, dioramas e recriações históricas que aliam arte, história e memória coletiva.
  O prémio foi entregue por Sónia Paixão.
• Desporto e Aventura: Associação de Marchas e Passeios do Concelho de Torres Vedras / Centro de Turismo do Oeste, pela promoção da educação ambiental e valorização patrimonial através de experiências que cruzam o turismo de natureza, cultural e militar.
  A distinção foi entregue por José Alberto Quintino.
• Promoção e Divulgação: Federação Europeia das Cidades Napoleónicas (FECN), pela sua ação na criação e desenvolvimento do Itinerário Cultural Europeu Destination Napoleon, reconhecido pelo Conselho da Europa, que promove o diálogo intercultural e reforça a identidade cultural da RHLT.
  O prémio foi entregue por António Felgueiras.

Num momento de particular simbolismo, o Prémio Wellington Honour foi recebido por Charles Bonaparte, presidente honorário e fundador da FECN — e descendente direto de Napoleão Bonaparte.
O gesto, carregado de significado histórico, sublinhou a ironia e a reconciliação dos tempos: um descendente do imperador francês a ser distinguido em nome do Duque de Wellington, um dos seus maiores adversários.
Mais do que uma curiosidade histórica, este momento simboliza o compromisso da Rota Histórica das Linhas de Torres com a promoção da paz, do diálogo e do entendimento entre o passado, o presente e o futuro.

Cadernos Temáticos: uma nova coleção editorial

A cerimónia prosseguiu com o lançamento do primeiro número dos “Cadernos Temáticos”, uma nova coleção editorial da RHLT dedicada à exploração visual e conceptual do território das Linhas de Torres.
Segundo José Bandeira, responsável pela conceção, fotografia e grafismo, esta coleção propõe uma leitura criativa e sensível das Linhas, revelando que elas são “mais do que uma sucessão de fortes e redutos – são uma forma de ver e sentir um território cujo significado nunca se esgota”.

Cada volume abordará uma ideia ou conceito, desenvolvido através de fotografias e pequenos textos que orientam o olhar e convidam à reflexão.
O primeiro volume, intitulado “Centro”, dedica-se aos corações pulsantes dos municípios — praças, igrejas, mercados e monumentos —, lugares onde a memória coletiva se cruza com a vida quotidiana.

Um brinde às Linhas de Torres

A cerimónia encerrou com um momento musical e um brinde de honra às Linhas de Torres, símbolo da união entre municípios, parceiros e comunidades que continuam a valorizar este património comum, expressão maior da resistência, da criatividade e da identidade do povo português.